tag:blogger.com,1999:blog-40336903868524306212024-02-20T12:27:44.646-08:00Da minha caneta pra cá'Desengavetando' dos arquivos do computador e das pontas de canetas, borrões e pensamentos que ando escrevendo..Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.comBlogger31125tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-11333842548232284662014-01-31T05:42:00.001-08:002014-01-31T05:42:52.808-08:00Sexta-feira<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acordou com os
pés gelados. O sono pesado lhe impediu de puxar a coberta para si no meio da
noite. Seu primeiro impulso às oito da manhã foi encolher-se sobre a cama ainda
quente. Fechou os olhos lembrando-se do sonho. Das pessoas, das vozes e das
risadas que fizeram parte de um pedaço da sua madrugada. Alguns dizem que
sonhos são extensões do consciente, outros afirmam que se trata de
representações do inconsciente. Talvez, nesse caso, seja um misto de tudo: O
vivido, o não vivido e o que – talvez – se estar por viver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com os pequenos olhos
ainda pregados de <i>murrinha</i>, se espreguiçou
como se nada mais tivesse importância naquela manhã de sexta-feira. Olhou cinco
minutos para o teto mal rebocado. Pensou no ontem e na pré-discussão
pré-estabelecida pela pré-conversa pré-realizada muito bem pós-estabelecida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sentou na beira
da cama. Cruzou as pernas, esticou-se, engoliu a preguiça e seguiu viagem até o
banheiro. Era hora de tirar toda a incerteza do seu corpo, desses anos e da
própria vida que já basta ser incerta por si só. Até por que, quem se importa?
É sexta-feira, amor.</span><o:p></o:p></div>
Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-16605118354175698482013-07-08T09:56:00.001-07:002013-07-08T09:56:22.723-07:00Só mais uma nota mental e desafortunada.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em momentos
assim, são várias as hipóteses que se formam nas mentes bagunçadas de pessoas
intimamente bagunceiras. Entre trancos e barrancos as pessoas costumam buscar situações
e possíveis atitudes que justificam as mudanças ocorrentes em suas vidas, nem
sempre bem-vindas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O fato é que
sentimentos e palavras a todo o momento mudam de forma. Sim, é verdade que há circunstâncias
que bastante facilitam a consistência da mudança. Mas, <i>beibe</i>, nesse caso não se trata mais de circunstâncias, porém de sentimento.
Por mais abstrato e subjetivo que isso lhe pareça, o que se está sentindo agora
não é impossível de não ser mais sentido amanhã. E ponto final.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O que foi e o
que não foi dito por ela, não apenas pela mudança intrometida, mas por ela, a menina
de carne e osso, mexeu com as estruturas que antes serviam de base pra esses
momentos rotineiros que não passam de lembranças. Boas de existir, mas, que <i>esperadamente</i> e muito bem <i>avisadamente</i>,
não existem mais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Seria saudade? Ou
um puro desapego e uma necessidade quase extremista de transbordar a vontade de
viver desacompanhada do caos? Bem e simplesmente poderia ser o fim daquele
sentimento que agora mudou de forma. O papo é que não há definição específica. As
mentes mudam, pessoas engordam e as palavras trocam de nome, de tom e
principalmente, de vontade. Simples assim? Não, mas apenas assim.</span><o:p></o:p></div>
Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-32763404490585103732012-12-28T09:12:00.000-08:002012-12-28T09:12:03.980-08:00E o que ficou pra trás nem sempre é passado?<div style="text-align: right;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Era quase hora, mas ainda se encontrava sentada na beira da cama desarrumada, com lençóis espalhados e fotografias jogadas. Vários </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">dez por quinze</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">’s de rostos, sorrisos, abraços amigos, amor e lembranças. O ponteiro grande avisava que a mochila velha e remendada já tinha de ser retirada de cima de toda aquela bagunça. O momento era bem propício a um olhar de quem procura o que nunca acha.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">“Só mais cinco minutos”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="line-height: 115%;">A mesma cama encostada
na parede mofada. O mesmo lençol. A mesma mochila. O mesmo quarto onde antes
dançou, ao </span><span style="line-height: 115%;">som de um mesmo <i>Yan Tiersen, </i></span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">próximo à cortina de espirais da mesma janela aberta</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">. Até o <i>play list</i> continua quase o mesmo de um ano atrás.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Cinco minutos e muito
que lembrar. O vento que entreva pela janela enfatizava a sensação já bem
conhecida dessa época do ano e bagunçava ainda mais os muitos fios soltos de um
cabelo fino, claro e antipático. Uma janela aberta e uma cortina de estampa balançante.
Espirais ondulantes e dançantes às lembranças. Trezentos e sessenta e dois dias
e um começo de nostalgia: O filme começa, o sorriso aparece e a lágrima se forma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Tudo parece nítido e
recente. As Conversas e infinitas risadas em uma sala de aula de todos os dias.
Uniformes, papéis, tesouras em mãos e, quem sabe, no fim do expediente, um
sushi. Lamentos, Esperança, TCC e saudade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">As constantes brigas
que todos os dias ameaçam o fim de uma fase. O mesmo disco riscado. Lamentos,
comparações, desejos. Mentiras, esperança, saudade. Cerveja e papo furado. Risos,
libido e ofensas entre as indesejadas fumaças. Rompimento de um plano abstrato
e subjetivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">A perda de quem a vida
obriga ir embora. De quem luta por anos ora em uma cama ora apenas vivendo e
sentindo. Força de vontade interrompida pelo que há de mais temido pela medicina
e inexplicável pelo homem. Velas, tristeza, família, memória, dor e a velha e
forte saudade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">É da vida, as pessoas
se afastam, crescem, trabalham, procriam, trabalham, namoram, trabalham, se
desentendem, se afastam e trabalham. Os amores vão embora, mas a amizade fica.
Não importa muito se a distância se faz tão presente quanto à saudade de
momentos de tempos atrás. O que importa é que amizade “é sempre amor mesmo que
mude”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Cinco minutos e o ponteiro grita. É tão rápido quanto
trezentos e sessenta e cinco dias.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 115%;">Enfim é hora de pegar
a mochila abarrotada de coisas e cair na estrada. A lágrima corre consciente de que mais doze
meses se aproximam. Consciente de que o fim do mundo não acabou e quem sabe
agora a coisa engrene. Quem sabe aquela felicidade de final de filme, onde todos
choram felizes, onde o amor sempre vence e a vida é tão linda quanto à trilha sonora
do casal que se beija, esteja presente na retrospectiva de dois mil e treze.</span></div>
Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-57632942203965320882012-09-22T09:22:00.001-07:002012-09-22T09:22:38.434-07:00Práxis agonizante<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O insistente abrir dos olhos agonizava seu sonho atordoado. A tentativa de fuga era inútil. Como de costume, aliás, nos últimos meses. Longos meses perturbados por dúvidas renitentes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acordou finalmente. As seis chamadas não atendidas quase se encontravam com os olhos inchados e remelas secas de uma noite mal dormida. A dor ainda se encontrava na vista cansada. Com certeza a consulta ainda não marcada com o oftalmologista não resolveria seu problema.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cinco e meia da manhã, hora de teorizar a situação para enfim por em prática ideias que nunca se concretizam: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Práxis-matinal-cotidiana-idealizada</i>. Inútil costume.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Respirar fundo, engolir a saliva, discar o numero.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Não”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O orgulho sempre fala mais alto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A água gelada por hora resolveria. O banho mandava embora as palavras ditas e as poucas ouvidas. A toalha por fim enxugaria o arrependimento e o telefone tocaria em seguida:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Arial','sans-serif'; line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Bom dia”.</span></span></div>
Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-71271527626236792982012-06-17T14:18:00.000-07:002012-06-17T18:15:10.611-07:00História de uma mente perturbada<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onze horas da noite. Chuva, frio,
lágrimas e latidos desesperados de um Vira-lata desengonçado e fiel. Em
conjunto, a persiana quebrada e mal lavada batia fortemente na janela de vidro
do quarto claustrofóbico. Uma verdadeira sinfonia de horror, tocada por um
maestro em perfeito desequilíbrio mental. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;"><div style="text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cenário perfeito: Insensatez e
medo.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt 372.75pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os motivos, aos olhos de alguns,
até podia parecer banal, um tanto fantasioso, pois sim. Mas aos olhos da
garota, o que acontecia há tempos era fato. A perseguição era tão real quanto a
árvore seca avistada por entre a persiana. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O coração, há dias, batia forte, feito a
goteira insistente e mal educada que caia na panela de aço velho, junto às
garrafas vazias jogadas ao chão, naquele momento. Um barulho em sintonia ao também
desespero canino ao seu lado.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A largada foi dada. Seu instinto de
sobrevivência gritava tanto, ao ponto de quase acordar os vizinhos, já
desacreditados com as chamadas loucuras quase esquizofrênicas e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">embriaguices</i> da garota. Recolheu o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">quase-nada</i> que havia no quarto fendendo à
cerveja e levou consigo seu animal, o que tinha de mais valioso e confiável.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 261.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Onze horas. Domingo e chuva. As ruas desertas e
lamacentas registravam o esquecimento, por parte do governo, daquele bairro
periférico. As casas de madeira velha, feitas de pedaços sujos, comidos por
cupins, jogados pelo meio das ruas estreitas, acentuavam o pavor embutido
naqueles olhos castanhos. A pouca esperança estava quase desaparecendo por
completo e o instinto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">humano-animal</i>
quase tomado pela desistência, até ouvir o latido do amigo desesperado
direcionado ao fim da rua tortuosa.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Finalmente uma casa desapossada. Entraram. Não foi
difícil, a madeira velha ajudou. Apenas um cômodo, uma cama, uma mesa de canto,
um fogão velho portátil, um espelho <i style="mso-bidi-font-style: normal;">encaronchado</i>
e uma janela de vidro quebrado.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acomodou-se entre a poeira posta no canto esquerdo de
um lençol encardido de uma cama aos pedaços. O cachorro preferiu debaixo do
móvel, o chão parecia mais confortável. Enquanto isso as horas passavam e só a
chuva permanecia insistente.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A garota acordou assustada, porém percebendo o mais
importante:<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Ainda estou viva.”<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pôs a mão direita debaixo da cama e, mais calma,
sentiu a língua do cachorro lamber seus dedos. Era só esperar a chuva passar e
seguir caminho. Fechou os olhos.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A agonia a fez
novamente acordar sobressaltada. Mais uma vez pôs a mão e sentiu a língua quente
do animal. Agradeceu ao cachorro. Fechou os olhos e os arregalou no exato
momento em que ouviu um barulho vindo em direção da janela. O medo a tomava por
completo enquanto o silencio se apossava do local.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aqueles olhos castanho-arregalados percorreram corajosos
cada ponta daquele espaço escuro. A respiração ofegante parou quando enfim conseguiu
ler as letras escorridas e vermelhas escritas no espelho:<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Humanos também sabem lamber!”<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A vontade de chorar entalou-se na garganta seca
sedenta por um grito sôfrego abafado pelas mãos sujas de sangue vira-lata. A luta
pela sobrevivência travada frente ao espelho a impossibilitava de enxergar o
rosto da coisa que a agarrava. A tentativa de fuga foi neutralizada pelo objeto
metálico e pontiagudo ainda quente que lhe perfurava lentamente a carne das
costas. Gesto repetido várias vezes, ao som da chuva, por puro prazer de uma
mente doentia.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A desistência
acabou no exato momento em que percebeu seu corpo caindo inerte ao chão sujo
com os olhos direcionados ao que ainda encontrava-se debaixo da cama. A cabeça
do animal, desprendida de seu corpo esquartejado foi a última coisa que aqueles
olhos castanhos puderam ver ainda com vida.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
</span><div style="text-align: justify;">
</div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: large;">
</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-44264053089895360202011-12-12T08:43:00.000-08:002012-06-17T14:17:11.619-07:00Espelho<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Parece coisa feita. Dezembro acaba sendo sempre igual. O mesmo frio nos olhos refletidos pelo espelho do banheiro esquecido pela vassoura, balde e sabão. Aliás, que saco é lavar banheiro:<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Tenho mais o que fazer. Preciso treinar meu <i>olhar-de-fim-de-ano</i> no espelho. Ensaiar sorriso e um “prospero ano novo”, no mínimo, sociáveis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dez minutos na frente do espelho sempre resulta em frustração. Junto às olheiras e remelas, a percepção do tempo na face cansada, e mesmo assim ainda jovem, é nítida. Começa o momento nostalgia. Por trás de sua fiel e quase leal cópia, presa no retângulo pregado na parede, começa o filme dos aproximados trezentos e trinta e cinco dias até então.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As músicas e cheiros vêm à tona com força surpreendente. Lembranças latentes. O perfume dos protagonistas é tão forte quanto a trilha sonora. Tudo sempre muito vasto. A imagem, misturas de cores, velocidade das cenas são muito bem precisas ali na parede. Aliás, direção e produção lhe chamam tanta atenção quanto ao roteiro e ao elenco. E que elenco, que histórias!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A efemeridade sempre a assustou, mas esse ano a coisa se superou. O tempo é realmente uma caixa de surpresas. Porém não muito boas, como de práxis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As lembranças a faziam fechar os olhos, franzir a testa, respirar fundo, engolir choro, lamentar, sorrir, lamentar outra vez, às vezes gargalhar. É, a parte cômica, devido algumas belíssimas e hilariantes atuações, também muito se marcou. Não foi de todo uma tragédia grega.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dezembro. Fim de ano. Nostalgia em frente ao espelho. Olhar distante e lembranças com gosto de música e cheiro de vozes. Um olhar que passa de vago e frio à quente, vermelho e molhado:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Obrigada, espelho.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-58414841280831822702011-11-02T11:15:00.001-07:002011-11-02T11:15:18.125-07:00Quarto<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dançavam àquele som familiar que saia do<i> play list</i><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> do computador próximo à janela. A luz cinza e nublada adentrava naquele espaço pequeno, o suficiente pra iluminar a lágrima que escorria do rosto mais triste daquele quarto.<o:p></o:p></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O outro olhar, seco, lhe cessava as lágrimas aos poucos. Mas ainda era preciso muito pra que lhe fizesse trocá-las por o mínimo de sorriso possível. Era preciso muito que dizer, muito que beijar, muito que abraçar, muito que ouvir.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A musica acelerava enquanto os corações batiam. Chegou a hora, ela sabia. Mas cadê a coragem?<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eis que surgiu.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As palavras iam lhe escorrendo desesperadas pela boca, assim sem racionalizar. Eram vomitadas em cima da camisa branca que iluminava perfeitamente o castanho daquele olhar seco e insistente em se manter assim. Os palavrões saiam doces e o que tinha de mais bonito a ser dito saiu amargo. Mas não podemos culpá-la. A culpa foi do tempo, das lágrimas. Da época e das estrelas. Do medo de se estar sob elas. Do medo de não ser vista por elas.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entendes? A culpa foi sempre das estrelas.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As palavras se foram, mas a adrenalina continuava no quarto. Dessa vez acompanhada do silêncio que lhe agoniavam os tímpanos. O medo era perturbador, quase podia ser visto. A vontade idem e era recíproca, finalmente.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os medos eram compartilhados, a dor era compartilhada. Assim como as palavras, a vontade de sorrir, o cessar das lágrimas e a libido forte.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tocaram-se com ênfase. Era misto de saliva, adrenalina, paz, gozo, lágrima e alívio. Pena que o despertador tocou pra lembra-la de que a realidade renitente necessitava lhe abrir os olhos às nove da manhã.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-25590012285592463152011-11-01T15:27:00.000-07:002011-11-01T15:27:57.538-07:00É só o inverno chegando. Mais uma vez.<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Até que o mínimo de calmaria se estabilizou em si, pouco antes de sair do batente. Porém seu semblante mudou imediatamente ao sentir o vento quase gelado na face. A brisa forte vinda do céu escurecido. Esse com constante cara de chuva, típico desta época. Coração apertado, como de quem espera algo há tempos. Olhos sem foco, como quem vaga o olhar a procura do esperado. Mãos e dedos que logo anseiam em transcrever sua dor. Essa mesma dor causada pelo frio e pela ausência do mais esperado psicotrópico, nunca receitado pelo doutor.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A viagem toda, naquele <i>coletivo-de-sempre-lotado</i>, pensava em todas as outras épocas assim parecidas. Todas as lembranças que insistem em se fazer presente, por mais inconscientes que pareçam estar. Suas lembranças mais egoístas afloram, junto ao clima, ao vento, ao vago vazio de um olhar perdido no tempo – que nunca volta.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dessa vez é <i>Paranoid Android</i> que embala a cortina colorida maleável ao vento. Espirais dançantes na janela do quarto. Aquele onde outrora <i>Tiersen</i> a fez chorar com tanta empatia.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A dúvida chega. O medo se exalta. A música transpira pelos poros abertos, arrepiados pelo conjunto de ansiedade e frio. A libido se torna mais explícita. Bem no momento em que seus olhos se fecham e um olhar castanho lhe invade a mente.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será impossível parar o barulho? Ela só está querendo um pouco de sossego.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-79010138336388130962011-08-08T19:16:00.000-07:002011-08-08T19:16:43.462-07:00"Fantasmas existem. Sinto informá-la"<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É. Fantasmas assustam. Principalmente quando se dá conta de que eles existem. Fantasmas do passado que simplesmente param de assombrar. Talvez assuste mais. Ter a consciência de uma realidade que se pensava ainda tão distante. Ter a certeza de que até mesmo fantasmas desistiram de ti.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bateu na minha porta bem no começo da semana. Quando abri, tomei aquele susto. Chorei, ri, vibrei, vomitei a sôfrega angustia há muito presente. Foi um misto de podridão que saía de uma pele cansada e marcada pelo sol. Além do alívio causado pela ausência da dor que outrora era marcada sob as estrelas.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alívio, dor e sujeira humana.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Veio se despedir pra sempre. Doeu, mas também já não aguentava mais sua assombração misturada à minha dor física provocada pelo cansaço da espera e ao nó cada vez mais apertado aqui. Acho que nem ele aturava mais a minha presença. Não aturava o meu reflexo em um espelho no qual ele se olhava.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas quer saber? Começo a pensar que o maior problema não foi a despedida ríspida, ao mesmo tempo silenciosa. Porém a presença de um próximo fantasma que se encontrava bem atrás do que já ia tarde.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O do passado se despediu silenciosamente. O outro se apresentou, apertou a minha mão, me sorriu, disse seu nome:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Prazer, eu sou o seu fantasma do futuro.</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-69395594338275119702011-03-13T07:09:00.000-07:002011-03-13T07:09:53.713-07:00Sentimento de estimação.<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black;">Eu tinha um desses. Desses que se costuma ter quando se tá feliz. Apesar de ter certo fascínio em criá-lo debaixo da minha tristeza meio molhado de lágrima. Mas eu tinha um. Perdi em janeiro. Janeiro não é um mês tenso? Carrega nele toda uma expectativa de futuros onze meses. Sei lá, dá frio em barriga.</span></span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> <div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Mas eu tinha, era falso, mas tinha.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Meses foram se gastando e ganhei outro.<span class="apple-converted-space"> </span><i>Oquei</i>, eu menti. Mas quem não mente? Não ganhei, achei no chão, enrolado em<span class="apple-converted-space"> </span><i>merda</i>, podre, uma essência podre e cheio de coisas que muito me atraíram. Nossa, como me atraíram! O lado sujo, escuro e triste, sempre me entorpece, me deixa estática em pensamentos que andam mais que meus pés, que correm mais que criança e voam pra lá, pra onde eu guardo tudo de mais meu, de mais secreto, de mais errado, de mais promíscuo, de mais humano.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Me identifiquei de cara com esse outro, tão vivo e cheio de manias. Mania de egoísmo, mania de saudade, mania de tristeza, mania dele, só dele. Feito gente. Talvez até mais gente que eu. Talvez, por isso resolvi criá-lo.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Alimentei por meses, contando os dias pra crescer. Claro que tive medo, de me machucar, levar uma arranhada ou uma mordida de tirar pedaço. Mas foi um risco que eu quis correr, eu precisava de um novo pra me sentir viva. Me dispus. Fui seduzida pelas manias que pareciam tanto com as minhas.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Cresceu noutro janeiro, mas foi ingrato. Levei a mordida. Talvez até tivesse sido eu a culpada. O mimei e não me protegi, mas como disse, era um risco preciso. Precisava mais dessa, de mais história, de mais uma dor. Ou talvez a culpa tenha sido mesmo do janeiro, da expectativa.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">O cheiro da sua saliva ainda quente permanece. Nela eu consigo ver as manias, a podridão de um pseudo-humano, consigo sentir a dor da perda. É quando a lágrima cai em cima que penso e foco mais e mais a dor. Não a dor da mordida, mas a dor da alma. Dessa que vaga por aí, à procura de um janeiro mais calmo.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black;">Não deu tempo pra saber se era, ao menos, verdadeiro.</span><span style="color: black; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div></span>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-51058112351763969402011-03-06T06:45:00.000-08:002011-03-06T06:45:10.039-08:00Quem sabe mais uma necessidade<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez ele saiba do que esteja precisando. Talvez morra só em pensar na possibilidade. Essa de jogar tudo fora, deixar estar assim, de não sentir mais o coração apertar toda vez que a escuta. Por mais que a dor exista agora, é melhor senti-la do que não sentir coisa alguma.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa robotização das relações <i>inter-intra-extra-pessoais</i> o chocam. O constrange diante do fato de saber que nele o que mais existe é o pulso da corrente sanguínea, correndo exagerados quilômetros por hora. Enquanto os outros ali, diante de copos e fumaças, o contam como <i>funcionam</i> suas relações, em quais botões apertam e como os desligam sem muita dificuldade, sucateando tudo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi nessa hora que pensou em ligar. Era só discar o número gravado já na mente. Bateu o nervoso. A corrente de sangue correu.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Alô”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As coisas não saíram como imaginou. O pensamento recorrente da desistência o tomou mais uma vez. Talvez seja isso mesmo. Essa seria a solução de merda mais viável. Mais uma robotização. Mais um fim sucateado. Um suspiro pesado, um gole de cerveja barata, um arroto engasgado: um botão apertado.</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-40149893464661980262011-03-03T12:24:00.000-08:002011-03-03T12:24:56.090-08:00Só uma nota, nada além disso:<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu que já não chorava,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">comecei ontem.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Recomecei</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">por uma porra de começo que já faz tempo</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas pro meu gosto,</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">não tem cara de fim.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pro meu desgosto</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">não tem cara de nada</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E quem vê cara, vê sentimento?</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-59540761687380101782011-03-02T11:27:00.000-08:002011-03-02T11:27:52.602-08:00Cheiro derramado<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O cheiro derramou exalando o doce sobre a camisa clara, deixando transparecer o respirar profundo. Causando o mesmo efeito colateral de sempre. Trouxe consigo de lá, do lugar de origem. Das palavras que assustaram, das salivas que neutralizaram o ácido do momento e do nó oculto como conseqüência.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As estrelas foram testemunhas daquele cheiro alucinógeno, mesclado ao pensamento insistente e lembranças recentes.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Presente no seu exercício constante. Musculação do cérebro, enfraquecimento do coração e fortalecimento das <i>neuras</i>. O quebra-cabeça de momentos, dos últimos meses, tem sido o seu mais sufocante passatempo. Uma asfixia necessária à existência do sentimento. Pertinente nas leituras e interpretações das peças ali presentes, na esperança enrustida em cada pedaço de cena formada por cada peça.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E as estrelas sabem de tudo.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O toque das notas nos ouvidos presentes. A troca musical entre a audição, olfato e tato. Momentos confusos enrolados ali. O cheiro musical, o cheiro do momento, o cheiro derramado sob as estrelas e sobre a camisa.</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-42234086382608906462011-01-24T06:40:00.000-08:002011-01-24T07:27:17.032-08:00Medo de gente morta?<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A chuva fina e renitente batia na janela do quarto. Entreaberta, deixava o vento frio entrar enquanto balançava a cortina de pano, mole, fino, quase transparente, em conjunto com o pouco de água que entrava por entre a janela e caía ao chão, bem perto de um “Sidney Sheldon”, em cima do criado mudo ao lado da cama de Sofia. A dança da cortina ora cobria a churrasqueira velha, caindo aos pedaços, no quintal escuro visto da janela, ora não.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As nove, bem quando a chuva no quarto entrava e a cortina dançava, Sofia torcia sua chave na maçaneta da porta da sala. Travou. Sem guarda-chuva, a água lhe batia nos cabelos longos e cacheados, deixando filetes de água escorrer sobre seus olhos borrados de rímel. Foi um dia <i>agoniante</i>, não conseguiu êxito na possibilidade de emprego que lhe havia aparecido e ainda assim, nem em casa conseguia entrar:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Porra. Chave filha da puta!”. Ela era boa com os palavrões.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fechou os olhos e respirou fundo. Tentou mais uma vez. Abriu. Entrou. Amarrou os cabelos no alto ainda em direção à porta. Acendeu a luz da sala, largou a bolsa no sofá e sentou. Fechou os olhos e ouviu um barulho vindo em direção da cozinha. Levantou receosa e deu dois passos a sua frente, em direção a cozinha escura. Havia alguma coisa ali, uma espécie de sombra, mas algo instantaneamente lhe tirou o foco. O telefone tocou ensurdecedoramente e a obrigou, com um susto, o atender:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Alô!”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Alô, amor, vou chegar mais tarde. Acabei perdendo a hora na casa do Raul, me distraí ouvindo uns sons. Tás com fome?”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Sim, seria uma boa trazer alguma coisa da rua, como pedido de desculpa pelo atraso.”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“<i>Oquei</i>, vou vê o que faço. Cuidado. Até daqui a pouco.”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desligou e resolveu deixar pra lá a cozinha, pensando “Provavelmente coisa da minha cabeça”. Sua roupa molhada lhe marcava o corpo, deixando à mostra uma barriga saliente, que tanto lhe encomodava. Foi ao quarto trocá-la. Ao ver a janela esquecida entreaberta, seu livro quase molhado e sua cortina dançando ao vento, fechou o espaço que faltava. Sem perceber que, atrás da churrasqueira, a mesma sombra da cozinha ali permanecia.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pensou na cerveja que se encontrava na geladeira e foi até a cozinha, sem se importar com o barulho que momento antes havia ouvido. Abriu a garrafa e bebeu na boca mesmo, sem cerimônias. Soltou um arroto, que por conveniência social, estava preso desde cedo. Selecionou umas músicas no <i>play list</i> do seu computador e um som abafado, de pés em contado brusco com o chão, veio de seu quarto, bem quando começava <i>Down in Mexico</i>. Uma faísca de medo começou a surgir, indo contra a sensação natural proporcionada pela música: vontade de <i>foder</i>.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aquilo a <i>neurou</i> intensamente e de imediato, lembrou do barulho vindo da cozinha. Com certo receio, foi até o quarto. Sofia tinha um defeito, de acordo com seu namorado, sentia muito mais medo de gente morta do que de gente viva.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A janela estava aberta e a cortina dançava novamente. Franziu a testa ao pensar “eu acabei de fechar essa <i>merda</i>”. Fechou novamente. Virou-se rápido em direção a porta. Queria o telefone, queria ligar pra ele. Porém nesse momento tudo ao redor pareceu sumir e o único foco era o que se encontrava em pé diante da porta. Tudo o que Sofia conseguia avistar naquele momento era algo de um preto intenso, de uma roupa preta intensa, olhos de um preto intenso e um sorriso doentio. Olhos que a fitavam ao levantar a faca em sua direção. Uma faca enferrujada, feia e torta que avançava em cima, de seu corpo pequeno e desprotegido, junto à coisa à sua frente.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Correu desesperada, em um grito sufocado, em direção à porta, mas não obteve êxito. Aquilo a agarrou. Sem pensar duas vezes lhe enfiou a faca na barriga, cheia apenas por uns goles de cerveja velha, retirando-a devagar e a enterrando novamente. Repetiu o movimento algumas vezes, mais rápido, contracenando com a música vinda da sala. Era uma analogia ao ato de copular. A faca entrando e saindo das entranhas de Sofia. Era assim que aquele monstro se excitava. Com o movimento e o vermelho intenso que escorria sobre seus pés. Um olhar de gozo foi a última coisa que os olhos, ainda com vida, de Sofia conseguiram enxergar.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Às onze:</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Sofia? Sofia? Acorda amor. Eu trouxe comida, vá trocar essa roupa molhada”</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela acordou assustada, olhava, sem entender coisa alguma, pro rosto de seu namorado. O abraçou forte e percebeu que tudo foi um pesadelo. Desses que, quase todas as noites, tinha quando mais nova. O beijou. Levantou e olhou pro lado. Lá estava ela, em cima da mesa do telefone: a faca enferrujada, torta e feia.</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-43606024792331225792011-01-20T09:23:00.000-08:002011-01-20T09:23:56.787-08:00O inconsciente de um sonho já consciente<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os sonhos são considerados as coisas mais loucas da coisa mais complexa que é o homem [sua mente]. Acho que por isso é louco. A complexidade guarda com muito carinho a loucura. E a loucura a sete chaves a complexidade. Pra falar a verdade, não tenho apreço pelo simples e pelo lúcido [não o tempo todo]. Que graça tem o caminhar dos dois juntos, a todo o momento? O papo é desvendar, descobrir, o sentido e motivo de tudo, com o decorrer da loucura de certas atitudes, bem devagar. Eu disse “devagar”, o que nada tem a ver com intenso.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A origem de um sonho é considerada, ainda por muitos, o inconsciente. Apesar de achar que o caso aqui difere um pouco. Esses me parecem bem conscientes. Presentes todos os dias. É, tenho plena consciência desse desejo. Confesso que antes, andava guardado ali no fundo da massa enrolada de dentro da minha cachola enrolada. Mas agora é bem mais explícita sua origem.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não tem coisa mais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">escrota</i>: acordar de manhã de uma irrealidade tão boa. Me acordei com um aperto. Parecia tão real.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>Uma chave em um chaveiro colorido. Uma porta. Uma sala, pequena, mas só minha. Uma cozinha. Quarto. Banheiro. Pronto. E os braços abertos. Braços em conjunto com um olhar e um sorriso gigante em perfeita combinação aos cabelos, feito de alguém que há muito tempo não me via e que aparentava felicidade ao fazer.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chaves, porta, sala, cozinha, quarto, banheiro e abraço. Combinação alucinógena.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas o que eu dizia? Ah, sim, o sonho quanto mais louco é, melhor. E quanto mais cores têm, mais sons, mais cenas, a realidade parece mais próxima. E machuca, por isso. O que foi dito naquele abraço, naquele espaço, eu guardo aqui, nas lembranças. Foram frases misturadas, tiradas de um canto real e de outro criado no inconsciente já consciente das minhas vontades, transpassadas ao sonho.</span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> <div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Sei que corro aqui um risco grotesco de ser clichê. Mas sabes de uma coisa? Quanto mais se trata de sentimento, de loucura, de vivência, o clichê vai tá ali de mão dada com tudo isso. E sempre vai ser bem visto, por mais que aparente brega. Mesmo não gostando dessa palavra. É, talvez por preconceito, mas nada que a minha vivência não resolva isso com o tempo. Assim como esse sonho. Nada que a minha vivência não me permita agir acompanhada da loucura e não dê uma força ao tempo, tornando o desejo real.</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">O sonho também tem outra origem. Dizem. Menos científica, é verdade. Mas dizem que alguns são acompanhados da paranormalidade e acabam por prever certos acontecimentos. Eu bem que ia gostar em descobrir que adivinhei esse momento. Mas, às vezes, quando essas possíveis adivinhações se tornam preguiçosas, a gente têm que dá um empurrãozinho.</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">#Ficaadica!</div><br />
<br />
</span>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-54608821001833129942011-01-05T16:46:00.000-08:002011-01-05T16:46:15.991-08:00Planejamento-Plano-Meta [E Subjetividade]<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela fica a maior parte do tempo em seu quarto de pensamentos. Talvez por, de certa forma, se sentir mais a vontade ali do que em qualquer outro cômodo do que não lhe pertence. Talvez, não. É.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E quando sai dali, se cansa. Cansa de estuprar seus tímpanos todos os dias com palavras desnecessárias, com <i>neurices</i> alheias de todos os dias. Com aquelas que saem grossas, secas e duras bem quando despejadas. E pelas pessoas erradas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dia desses, em um momento até que tranqüilo. Nas companhias certas. No lugar certo, mas na hora errada, se perguntou: “<i>Caralho</i>, qual é meu papo?”. Talvez ainda sob efeito do psicotrópico usado no dia anterior. Os amigos riram. Na hora a pergunta saiu como uma piada [Aliás, nunca perde essa mania]. Também riu. E bastante.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois, já em seu quarto percebeu o quanto que aquela pergunta vai muito além. Não queria apenas saber <i>qual era seu papo</i> ali. Queria saber o que pensava a respeito de tudo. Do que andava lhe ocorrendo meses antes daquele momento e do que viria a lhe ocorrer depois. Queria saber do papo de todo o filme que passou em sua cabeça algumas horas antes, juntamente às explosões multicoloridas, típicas dessa época.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um amigo lhe disse, há pouco tempo, que o que a garota precisa é de planejamento, de organização de metas. É, toda essa subjetividade insistente em seus pensamentos, talvez precisem ser transvestidas de objetividade. Mas como? Ela ainda se pergunta. Apesar de tentar. Acho que, além do que seu amigo disse, precisa também de iniciativa. Estranhamente, pois ausência de atitude não costumava ser o problema.</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-72910877184441309262010-12-27T04:30:00.000-08:002010-12-27T04:30:43.535-08:00365<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um ano tem trezentos e sessenta e cinco dias. Relativamente, parece muito tempo. E é. É tempo suficiente pra se mudar uma vida. Se fosse recapitular exatamente tudo que me ocorreu durante esses doze meses. Chegaria à conclusão de que amadureci uns cinco anos em quase trezentos e sessenta e tantos dias. E o ano ainda não acabou.<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não foram poucas as pessoas que passaram por aqui. Muitas delas passaram e me acenaram de longe. Outras entraram, sem bater e ficaram. Algumas me trouxeram presentes lindos, outras de grego. Algumas só me fizeram visitas, mas assim mesmo se fizeram marcantes, me trouxeram sorrisos e algumas lágrimas também. Pena umas terem ficado só pra um café e ido sem se despedir.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">É incrível como a gente consegue gostar de graça de alguém, sentir necessidade da companhia, das conversas de ônibus, conversas de sofá [no Catalina] e de bar [no horto]. Dos sorrisos, das lágrimas, do ombro. E até daquele olhar como quem diz “Que <i>porra</i> foi essa que fizeste?”<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essas que foram entrando sem cerimônia, escancarando a porta e me roubando sorrisos e gargalhadas de doer a barriga, ainda estão aqui. Espero que estejam sempre. E quando elas lerem esse texto saberão exatamente o quanto são importantes pra mim. Que fique claro que eu as tranquei aqui dentro, <i>oquei</i>?! Joguei a chave pela janela. Sei que não posso obrigar ninguém a ficar. A chave tá ali, se alguém quiser sair até pode pegar. Mas <i>beiber</i>, me conhecendo bem, pra eu permitir que saiam vai ser <i>foda</i>.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por quê? Porque elas deram voltas pelas minhas frustrações, angústias, medos. Me viram permitir meu ID aflorar e meu superego encher o saco no dia seguinte, sem que me julgassem. Ouviram meus lamentos, escutei os seus lamentos. Falamos de amores platônicos, de pai ausente, de madrastas loucas. De pais ciumentos, de sistema educacional de <i>merda</i>, de política, de Piaget, de gestalt-behaviorismo-psicanálise. De reggae. De rock in rio, de The Ments, Mutantes, Beatles, Interpol, Smiths, The Cure, Queens, Radiohead, A Perfect Circle, Raul, Sérgio Sampaio, Chico. De padrinhos e madrinhas dos filhos que terão. De coisas impossíveis, de amores e desamores do passado que insistem em se fazer presentes, de namoros “canoas”. Até promessas de fazer uma graduação juntos já rolou. De tanta coisa.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se não fossem esses caras, seria difícil de arrancar sorriso do rosto que dois mil e dez me deu. Aprendi. Ensinei. Me apaixonei. Me <i>fudi</i>. Briguei, bati, apanhei. Errei <i>pracaralho</i>. Perdi esperanças e as achei flutuando nas conversas. Naquelas conversas. Nestas conversas.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">É por tudo isso!<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Amei e amo essas pessoas que entraram sem bater. E eu sei que eles, apesar de muitas outras rotações e translações, continuarão aqui, mesmo que não fisicamente. Mas estarão em meus pensamentos, idéias, opiniões. Por que amigo é sempre amigo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ah, e só pra não perder o costume de fim de ano: Feliz ano novo, galera leitora desse blogue.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></i></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-50484775266506893732010-12-25T19:32:00.000-08:002010-12-25T19:32:08.839-08:00Em uma dessas sextas<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">É que as vozes das pessoas, o cheiro do cabelo e bordões usados apenas por elas, são coisas que conquistam a sua atenção, que o tomam pelo gosto, assim, logo de cara, sem nenhum esforço. E toda vez que conhece alguém, por mais que os olhos rodem por efeito do álcool na noite, sempre pára pra observar esses caracteres, aparentemente tão triviais, mas indispensáveis, principalmente em conjunto ali.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando tudo misturado em uma só pessoa o cara ouve até Lucy, com flores de celofane nas mãos, sussurrar dizendo que táxis feitos de papel de jornal estão à sua espera. Dá uma volta pela memória, acabando naquela nostalgia quase que cotidiana e bem enrolada em suas neuras pretéritas.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foi ali: Aquele braço direito que segurava uma garrafa de cerveja. Aquele braço, com aquele relógio preto na pele branca. O sorriso dado de graça, junto às gargalhadas, aos amigos. Conversas em uma noite de sexta. Sorriso de dentes bonitos. Armação grossa dos óculos cobrindo aqueles olhos investigativos. O alargador preto na orelha branca, coberto pelo cabelo <i>longo-ondulado</i> de castanho bem claro, quase loiro. Era simplesmente quase perfeita sem nem conhecer esse cheiro <i>castanho-doce</i> do cabelo, nem voz, nem bordões que ela gostava de usar.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele andava meio cético, não acreditava em muita gente. Nem sentia muita gente já fazia algum tempo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Andava nostálgico também, por um tempo que não volta. Um tempo misto de sujo e felicidade. Uma felicidade suja. Irreal, criada apenas em sua cabeça. Transpassada ao coração com uma esperança gritante, uma expectativa gigante de felicidade.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Andava cego. Cego de vontade de olhar ao redor, cego pelo medo de perceber a mesmice em que havia se afundado. E o pior: Por conta própria, enfiando um pé de cada vez lentamente de olhos conformados, semi-fechados. O fato é que aquela <i>merda</i> toda de interesses, refúgios, aos fins de semana, de angustias que se transvestiam, cada vez mais, em cotidianas, passou de adubo a concreto. Esqueceu de olhar ao redor.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas foi ali, naquela hora que soube da presença do diferente. Naquele momento tudo veio à tona, ao ver aquele corpo, aquela pele, cabelos longos, relógio preto, gestos atípicos, contrastes e reflexos de luzes. Olhar oculto que investiga por entre os óculos e seus dedos de unhas azuis que insistentemente ajeitam a lente rebelde e escorregadia pelo nariz de traços firmes. Copos cheios de refúgio alcoólico espremendo um sorriso de graça pelas graças de amigos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Será que foi isso? Foi isso tudo e só? Que fez com que deixasse a cegueira de lado? Com que tornasse a nostalgia ainda mais forte? E deixado aquele ceticismo, que, aliás, não lhe cai tão bem assim, ir embora? Será? Ele até hoje sente o desejo de descobrir o que aconteceu naquela sexta daquele mês chato que, a seu ver, contraditoriamente, nada tem a oferecer.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 115%;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contraditoriamente. Fato. Naquele dia foi lhe oferecido a dúvida, a incerteza, a inquietante sensação da tristeza e felicidade anexadas ao mesmo sorriso. Excitações, obscenidades, inveja, ciúme, luxúria, de uma paixão [não correspondida].</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-6761915141799173192010-12-25T05:46:00.001-08:002010-12-25T05:46:50.376-08:00Dezembro<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">Olhava fixamente através da janela semi coberta pela cortina. A cortina de espirais coloridos que ainda se encontrava ali, debatendo-se pelo vento, tão maleavelvemente. Cobriam a vista de Carolina esses espirais coloridos dançando fluorescentemente à sua frente ao som de </span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><i>Tiersen</i></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">, enquanto seus pensamentos misturavam-se à chuva fina e fria de dezembro, ao piano triste de </span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><i>La dispute</i></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;">.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Seus pensamentos iam muito além de espirais dançantes, chuvas renitentes e longas fumaças tragadas. Seus pensamentos iam até lá, àquela época. A nostalgia era densa, bem mais que a fumaça. Tão presente que Carol chegou a pensar está revivendo aquela dor outra vez. Aquela dor que se fez muito necessária até. Pois sem ela jamais teria aprendido tudo. Conformado tudo. Sofrido tudo. Se rebelado contra tudo. Se libertado da mentira e aprendido.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Ela lembra. De olhos fechados, apertando as lágrimas calmas que escorriam sem serem enxutas da face pálida de frio, através dos óculos quebrados [naquela época]. O coração batia forte a cada vez que as notas da música iam fluindo, cada vez que o piano disparava. O filme vinha à mente.<o:p></o:p></span></div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 18px;">Dezembro é quando, em sua memória, seus desejos ainda não realizados, suas saudades, suas dores, toda a <i>merda</i> de uma época vêm à tona tudo misturado. Sentimentos, sensações mistas às lágrimas que caíam ao som, à chuva, ao frio. À vontade de achar a tal felicidade que ainda não sabe se é verídica. Esperanças de fim de ano, de que as coisas mudem, de que tudo <i>vá à merda</i>, de que eles estejam sempre perto e que os outros vão embora. De que a música transpire sempre as sensações. De que suas vontades mais inconscientes, aquelas abraçadas com o ID, não a machuquem e nem a ninguém. Que seus medos não se concretizem e que ali mais à frente aperte a mão da invisível felicidade.</span></div></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-9778562521518293632010-11-23T11:00:00.000-08:002010-11-23T11:00:40.982-08:00Como organizar neuras?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez ela <i>saque</i> exatamente do que esteja precisando. De organização! O <i>foda </i>é saber por onde começar. Em qual prateleira certa guardar [ou esconder] cada pensamento, cada neura que consome e corrói cada espaço imaginativo, ou até certo ponto concreto, existente nessa massa encefálica desgastada pelas atitudes erradas tomadas nos últimos meses.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">As vivências. As coisas ditas em momentos que deveriam ser apagados. As coisas não ditas que até hoje permanecem na vontade de serem despejadas, vomitadas. As coisas ainda não ditas, mas que serão [ela sabe] ao tomar copos a mais. Coisas que provavelmente serão tomadas por goles engasgantes de arrependimentos. Talvez pelo fato de que serão ditas pra pessoa errada, ou não-preparada [AINDA. Esperançosamente falando].</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas se ela sabe que serão ditas na hora errada pra pessoa errada, por que dirá? Porque ela se conhece, apesar de muitas vezes esquecer disso. Eu a conheço. Ela vai falar, ela tem vontade. Ela necessita saber de uma resposta.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Espere, minha cara. Não se precipite. Escute o tal do martelo doído na cabeça. Será que vai conseguir agir contra todas essas vontades e escutar esse <i>nhenhenhenojento</i>, renitente ali? Evitar aquela agonia toda vez que se lembrar da <i>merda</i> feita? Isso já aconteceu antes, gata. Evite!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acho que não. Ela vai falar e depois se arrepender. Já anda até meio que agindo condizente às palavras existentes naquela massa enrolada em seus pensamentos encefálicos. E sabe o que vai acontecer depois? Vai sentir a vontade de todas às vezes. Aquela da atitude extremista de sempre. A tal de apagar da cabeça. Pegar um <i>puta</i> baque e acordar com amnésia. Ou até mesmo ir ao consultório ilusório do doutor '<span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;">Howard Mierzwiak'</span> e começar a sessão <i>apague-toda-essa-neura-peloamordeDeus</i>, conseguir o <i>brilho eterno de uma mente sem lembranças</i> e tomar em paz seu psicotrópico receitado pelo mesmo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez assim, do zero, consiga organizar nas prateleiras certas desses vinte e um anos. Ou não?</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-69923847868150367122010-11-03T09:49:00.000-07:002010-11-03T09:49:01.206-07:00Livro de escola<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma amiga minha, comentou comigo o fato de eu ter uma linha só de escrita. Que escrevo sempre pequenos contos que falam a respeito de experiências minhas e de pessoas próximas a mim. [Eu sei que não foi uma crítica, <i>Beiber</i>. Mas mesmo assim faço uma nota a respeito, já que tu, como leitora assídua do meu blog, logo, logo soltarias uma exclamação: “Mas foi só um comentário! ¬¬”].<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O fato é que eu realmente pensei sobre o porquê de eu escrever sempre coisas mais <i>existencialistas-sentimentais-individualistas</i>. Pensei, repensei e cheguei à conclusão de que sou uma [<i>guei</i>] sentimental. Além, claro, do fato de eu simplesmente gostar de escrever coisas assim e de um dia querer publicar um livro de contos [Tááá, Caia Fernanda Abreu], o que nada tem a ver com o possível e equivocado fato de eu não me interessar pelos contextos sociais [por que se não me interessasse, nem estaria no curso de pedagogia].<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Portanto, resolvi agora [mas não somente] usar esse espaço meu, mas que não só eu leio, pra adentrar em um assunto que desde que comecei a estagiar vem me deixando muito <i>encucada</i>. Muito é pouco: MUUUITO!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cara, talvez não seja a única a pensar sobre isso. Mas, quem já teve a oportunidade de folhear um livro didático do ensino infantil ou fundamental, além de professor, pai, mãe, tia, ou seja lá quem for o adulto que lide com isso cotidianamente? Quem que por curiosidade [e não por obrigação] já o fez?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dando ênfase, agora, aos livros de ensino infantil [jardim I, jardim II], tu que já leste, não achas o quanto é tosco a maioria desses livros? O que será que pensam, essas editoras que publicam tais coisas, a respeito da mente cognitiva dos donos do livro? Pior: o que passa pela cabeça de quem escreve? Não. Pior: o que passa pela cabeça do diretor do colégio que compra esses livros?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não, não estou sendo extremista. É só prestar atenção nos textos e questões. Uma criança que está no jardim II, tem em média cinco ou seis anos e muito malmente conhece o alfabeto completo e os números. Então por que <i>diacho</i> ensinar no jardim dois os algarismos romanos pra uma criança que não sabe nem que o dez é o zero do lado do um?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">NÃO. Não estou dizendo que elas não têm capacidade pra isso. Mas cada passo de uma vez. <i>Vamo</i> ler Piaget, galera que escreve o livro, e analisar o nível de desenvolvimento nos quais elas estão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aí, contraditoriamente, em um livro de TERCEIRA SÉRIE, onde as crianças já sabem ler bem e corrido [tá <i>oquei</i>, algumas têm dificuldades, mas aí já é a questão da falta do hábito da leitura. Outra discussão], o cara me vem com uma questão dessas:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“1ª) Escreva o diminutivo de cada palavra:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">a)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span><!--[endif]-->Sapo – sapinho<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">b)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span><!--[endif]-->Luva – luvinha<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-left: 36.0pt; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><!--[if !supportLists]--><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">c)<span style="font: 7.0pt "Times New Roman";"> </span><!--[endif]-->Bebê – bebezinho”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Melldells</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">, por um acaso, essa criança, por mais que tenha um desenvolvimento lento, não sabe que uma roupa pequena é roupinha? Que o filho do sapo, além de girino, é um sapinho? Já que é pra dar diminutivo como conteúdo de currículo escolar, por que esses livros não dão ênfase aos diminutivos irregulares [aldeia – aldeola; casa – casebre; rapaz – rapazote, rapazola...]?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E os textos de história e geografia? <i>Puts</i>, textos secos, questões secas pra respostas secas: “quem descobriu o Brasil?”. Gente, isso ainda existe. Uma criança de terceira série, com cerca de oito a dez anos, já tem condições suficientes de entender e analisar o contexto, como um todo, de determinada época. Eles já têm plenas condições, por exemplo, de entender sem traumas que os verdadeiros donos do Brasil, na época, eram os índios e que estes foram desprendidos de sua cultura de forma agressiva e blá blá blá. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pô</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">, <i>galeraescritoradelivrodidático</i>, <i>vamo</i> colocar as questões certas na época certa.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-65271641582884616512010-11-01T18:24:00.000-07:002010-11-01T18:24:13.118-07:00Conversa de consultório<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Pois é, como ia dizendo, eu não ando muito bem da minha sanidade, doutor.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ando sentindo coisas.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Meu filho, o que tu sentes exatamente?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando essa pessoa vai falar contigo, teu coração bate forte?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ficas nervoso?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ficas feliz com coisa pouca?”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Doutor, dificilmente eu falo com essa pessoa pelo telefone, mas quando eu vejo uma ligação dela perdida no meu celular eu quase morro. Certo dia eu tava assistindo a um filme e me desprendi por horas do meu celular [aliás, sempre o faço, não costumo andar com ele pra cima e pra baixo]. Enfim, o filme acabou e eu, como quem não queria nada, peguei o aparelho. Quando eu vi aquele nome ali, me senti euforicamente infantil, meu coração pulou e saiu pela boca, tomei um <i>puta</i> susto e quase eu o perco pelo chão.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Ah, é normal, até, meu filho. A infantilidade é um dos sintomas da <i>Apaixonice</i>, meu caro. E o coração costuma mesmo saltar fora.” </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Mas doutor, meu orgulho tá ferido, sabe?!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela nem quer saber de mim, finge até que eu não existo, e eu?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu sou um <i>abestado</i>, doutor. É. Um <i>abestado-retardado-que-fica-esperando-um-sinal-qualquer</i>!”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Orgulho ferido, euforia e infantilidade... Hum, normal ainda assim.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“E quando ela me deixa falando sozinho?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E mesmo assim eu corro atrás?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ah, doutor, esqueci de mencionar: Eu não a conheço direito.”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Não a conhece direito? Mas ficas eufórico quando ela liga, mesmo sendo pouquíssimas vezes? Corre atrás dela, mesmo sendo desprezado? Seu caso é um pouquinho mais grave, ó. Acho que você sofre de <i>Paixoniteagudanãocorrespondida</i>”</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“[<i>Puta merda</i>]”</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-84454564030953982632010-11-01T10:04:00.000-07:002010-11-01T10:04:58.877-07:00A garota do vestido vermelho, a mãe e o mendigo<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A garotinha do vestido vermelho não parava de tagarelar, enquanto andava pela calçada, um segundo se quer a respeito do filme [aliás, ela simplesmente nunca parava]. O filme no qual sonhara a semana toda pra assistir ao lado da mãe, a cirurgiã plástica, esteticamente falando, tão ocupada com suas consultas ricas. Ricas de ausência de conteúdo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Larissa agora andava de mãos dadas com as da mãe, tão feliz com seu vestido, empolgantemente-sorridente-estridente só de pensar que finalmente sua mãe arranjara um tempo em sua <i>divertida</i> agenda. Sem saber que, segundos depois, algo lhe tiraria o filme de seu foco. Benditos segundos que mudariam a vida pensante da pequena garotinha.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Logo adiante à calçada, avistara algo. De longe, no chão. Era um amontoado de panos velhos a princípio. Justificável que fosse realmente, a garota há um ano precisava de óculos. Tentara comunicar a mãe, mas o <i>Motorola</i> dela sempre chegava aos seus ouvidos antes que Larissa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Foram se aproximando daquele amontoado e percebera que debaixo dele havia alguém. Alguém sentado no chão, sujo, cabelo bagunçado, com odor desagradável muito forte e uma caneca de plástico estendida na mão direita, dessas de lojinhas de um e noventa e nove, envolvida pelas mãos gastas com dedos feridos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sua cabecinha, tão pequenininha começara a crescer e montar uma série de pensamentos, assim, feito gente grande faz. Olhou bem para aquele cara ali jogado, olhou dentro dos olhos dele. Olhos que também a fitavam, tentando disfarçar aquele amargurado todo. Foi então que desarmara a mãe com tantas perguntas. Talvez tenha sido a primeira vez que esta prestara de fato atenção em algo que a filha houvera dito:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Mãe, por que aquele velhinho tá sentado no chão? Ele não tem casa? Por que ele segura uma caneca? Por que têm moedas dentro dela e não um café ou suco ou aquele chá que a senhora toma? Por que eu tô vestida de vestido novo de cor bonita e ele tá com esse remendo velho de cor feia e suja? Ei mãe, por quê? Hein, mãe? Mãe!”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">A mãe ouvira tudo o que Larissa dissera, mas achara mais fácil fazer o que faz sempre:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Quieta Larissa. Anda rápido se não a gente se atrasa pro filme. A gente vai comer antes, esqueceu que eu tô com fome? Tive que passar no banco e sacar dinheiro, nem deu tempo de comer nada.”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Mas mãe... Então por que ele não pega o cartão de crédito dele, vai no banco e pega um dinheiro pra comer alguma coisa? Ele parece que tem fome..”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aquilo era demais pra cabecinha de Larissa. Acabara de completar cinco anos, era quase impossível uma menininha entender o porquê da existência de alguém no chão, sujo, sem dinheiro, enquanto ela, vestida e perfumada, ia ao cinema gastar o tanto que a mãe tinha.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">No meio do filme, a única coisa que conseguiu pensar e dizer foi:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">“Mãe? Quando a gente voltar, vamo deixar pra aquele velhinho um hambúrguer bem grandão?”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pena que o que ela ainda desconhecia era a efemeridade das coisas. Não podia saber que poucas horas depois, o velhinho já não existiria mais.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-35770966735482294572010-10-29T14:51:00.000-07:002010-10-29T14:51:47.297-07:00À la "Here comes right now"<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Era sempre do mesmo jeito. Acordava, se olhava no espelho e envelhecia, meio que inconsciente, uns sete ou dez anos. Imaginava se seus olhos estariam felizes. Ou se estariam como agora, cansados. O fato é que ela já tem tudo em mente. Todos esses planos que se costumam fazer [ou que, de certa forma, nos são impostos grosseiramente] sobre a vida, já fazem parte do mundo que guarda em seus pensamentos há certo tempo.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém vai além. Não são sonhos referentes apenas ao que todo mundo deve ter quando cresce e vira gente-grande. Ela já sabe a cor da cortina da sala, do título de cada livro posicionado um em cima do outro na prateleira, das cores das almofadas em cima da cama. Dos nomes dos vinis, ao lado dos livros. Dos desenhos feitos por ela, os quais retrataram, retratam e vão retratar cada momento de sua vida.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E ela também já sabe com quem dividir isso tudo. Sem nem mesmo tê-lo conhecido, nem visto seu rosto e nem escutado um timbre se quer. Mas já sabe quais conversas terão, quais músicas escutarão nesses momentos, quais livros lerão e comentarão sobre.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="PT"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém, tristemente, ao lavar o rosto, voltava a olhar sua face atual. É, se entristecia sempre que a via verdadeira. Entretanto, logo percebia, alegremente, que sua selvagem e sábia feminilidade, sua introspectividade embutida nos seus erros e tolices do passado, serão recompensados por tudo o que vê ao envelhecer na frente do espelho.</span><o:p></o:p></span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4033690386852430621.post-60592033547695876672010-10-29T09:42:00.000-07:002010-10-29T09:42:29.153-07:00Paixão e chuva, coisas psicoativas.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sabe do que ela gosta? De se apaixonar no inverno.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aquele clima gelado <i>chuviscante</i> é tão propício a coisas a dois: assistir a um <i>filmecompipocadebaixodolençol</i>, jogar baralho, conversar sobre as letras daquela música daquela banda com aquele arranjo doido e pesado, ir pra cozinha fingir que é mestre-cuca e fazer uma <i>gororoba</i> qualquer quando bate a fome e coisa e tal e tal e coisa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">E se for um temporal com relâmpagos, trovejos e queda de energia? Nesse caso basta dormir e dormir e dormir com a cabeça enterrada no travesseiro sabendo que tem ali ao seu lado a tal pessoa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O papo é estar apaixonada no inverno.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pra mais tarde, acordar, quando passar a chuva, andar pela calçada atrás de um bar, tomar umas muito bem acompanhada e bater papo até cansar. E assim que cansar ir embora pra...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">O papo é estar apaixonada. No inverno.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ta <i>oquei</i>, o papo mesmo é que seja recíproco. Por que se não, <i>fudeu</i>. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas fazer o quê? As coisas apenas acontecem. Muitas vezes sem planejamento.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez ela precise mesmo é de um psicólogo que tire de sua massa encefálica toda essa neura constante de planos infalíveis pra conquistar o mundo e a receite um psicotrópico eficiente [Sonho].</span></div>Bia Mafrahttp://www.blogger.com/profile/15322915489522353453noreply@blogger.com2