Um ano tem trezentos e sessenta e cinco dias. Relativamente, parece muito tempo. E é. É tempo suficiente pra se mudar uma vida. Se fosse recapitular exatamente tudo que me ocorreu durante esses doze meses. Chegaria à conclusão de que amadureci uns cinco anos em quase trezentos e sessenta e tantos dias. E o ano ainda não acabou.
Não foram poucas as pessoas que passaram por aqui. Muitas delas passaram e me acenaram de longe. Outras entraram, sem bater e ficaram. Algumas me trouxeram presentes lindos, outras de grego. Algumas só me fizeram visitas, mas assim mesmo se fizeram marcantes, me trouxeram sorrisos e algumas lágrimas também. Pena umas terem ficado só pra um café e ido sem se despedir.
É incrível como a gente consegue gostar de graça de alguém, sentir necessidade da companhia, das conversas de ônibus, conversas de sofá [no Catalina] e de bar [no horto]. Dos sorrisos, das lágrimas, do ombro. E até daquele olhar como quem diz “Que porra foi essa que fizeste?”
Essas que foram entrando sem cerimônia, escancarando a porta e me roubando sorrisos e gargalhadas de doer a barriga, ainda estão aqui. Espero que estejam sempre. E quando elas lerem esse texto saberão exatamente o quanto são importantes pra mim. Que fique claro que eu as tranquei aqui dentro, oquei?! Joguei a chave pela janela. Sei que não posso obrigar ninguém a ficar. A chave tá ali, se alguém quiser sair até pode pegar. Mas beiber, me conhecendo bem, pra eu permitir que saiam vai ser foda.
Por quê? Porque elas deram voltas pelas minhas frustrações, angústias, medos. Me viram permitir meu ID aflorar e meu superego encher o saco no dia seguinte, sem que me julgassem. Ouviram meus lamentos, escutei os seus lamentos. Falamos de amores platônicos, de pai ausente, de madrastas loucas. De pais ciumentos, de sistema educacional de merda, de política, de Piaget, de gestalt-behaviorismo-psicanálise. De reggae. De rock in rio, de The Ments, Mutantes, Beatles, Interpol, Smiths, The Cure, Queens, Radiohead, A Perfect Circle, Raul, Sérgio Sampaio, Chico. De padrinhos e madrinhas dos filhos que terão. De coisas impossíveis, de amores e desamores do passado que insistem em se fazer presentes, de namoros “canoas”. Até promessas de fazer uma graduação juntos já rolou. De tanta coisa.
Se não fossem esses caras, seria difícil de arrancar sorriso do rosto que dois mil e dez me deu. Aprendi. Ensinei. Me apaixonei. Me fudi. Briguei, bati, apanhei. Errei pracaralho. Perdi esperanças e as achei flutuando nas conversas. Naquelas conversas. Nestas conversas.
É por tudo isso!
Amei e amo essas pessoas que entraram sem bater. E eu sei que eles, apesar de muitas outras rotações e translações, continuarão aqui, mesmo que não fisicamente. Mas estarão em meus pensamentos, idéias, opiniões. Por que amigo é sempre amigo.
Ah, e só pra não perder o costume de fim de ano: Feliz ano novo, galera leitora desse blogue.