Ela fica a maior parte do tempo em seu quarto de pensamentos. Talvez por, de certa forma, se sentir mais a vontade ali do que em qualquer outro cômodo do que não lhe pertence. Talvez, não. É.
E quando sai dali, se cansa. Cansa de estuprar seus tímpanos todos os dias com palavras desnecessárias, com neurices alheias de todos os dias. Com aquelas que saem grossas, secas e duras bem quando despejadas. E pelas pessoas erradas.
Um dia desses, em um momento até que tranqüilo. Nas companhias certas. No lugar certo, mas na hora errada, se perguntou: “Caralho, qual é meu papo?”. Talvez ainda sob efeito do psicotrópico usado no dia anterior. Os amigos riram. Na hora a pergunta saiu como uma piada [Aliás, nunca perde essa mania]. Também riu. E bastante.
Depois, já em seu quarto percebeu o quanto que aquela pergunta vai muito além. Não queria apenas saber qual era seu papo ali. Queria saber o que pensava a respeito de tudo. Do que andava lhe ocorrendo meses antes daquele momento e do que viria a lhe ocorrer depois. Queria saber do papo de todo o filme que passou em sua cabeça algumas horas antes, juntamente às explosões multicoloridas, típicas dessa época.
Um amigo lhe disse, há pouco tempo, que o que a garota precisa é de planejamento, de organização de metas. É, toda essa subjetividade insistente em seus pensamentos, talvez precisem ser transvestidas de objetividade. Mas como? Ela ainda se pergunta. Apesar de tentar. Acho que, além do que seu amigo disse, precisa também de iniciativa. Estranhamente, pois ausência de atitude não costumava ser o problema.
Paz: engolindo sapo ou peitando bombas?
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