O insistente abrir dos olhos agonizava seu sonho atordoado. A tentativa de fuga era inútil. Como de costume, aliás, nos últimos meses. Longos meses perturbados por dúvidas renitentes.
Acordou finalmente. As seis chamadas não atendidas quase se encontravam com os olhos inchados e remelas secas de uma noite mal dormida. A dor ainda se encontrava na vista cansada. Com certeza a consulta ainda não marcada com o oftalmologista não resolveria seu problema.
Cinco e meia da manhã, hora de teorizar a situação para enfim por em prática ideias que nunca se concretizam: Práxis-matinal-cotidiana-idealizada. Inútil costume.
Respirar fundo, engolir a saliva, discar o numero.
“Não”.
O orgulho sempre fala mais alto.
A água gelada por hora resolveria. O banho mandava embora as palavras ditas e as poucas ouvidas. A toalha por fim enxugaria o arrependimento e o telefone tocaria em seguida:
“Bom dia”.