terça-feira, 1 de novembro de 2011

É só o inverno chegando. Mais uma vez.

Até que o mínimo de calmaria se estabilizou em si, pouco antes de sair do batente. Porém seu semblante mudou imediatamente ao sentir o vento quase gelado na face. A brisa forte vinda do céu escurecido. Esse com constante cara de chuva, típico desta época. Coração apertado, como de quem espera algo há tempos. Olhos sem foco, como quem vaga o olhar a procura do esperado. Mãos e dedos que logo anseiam em transcrever sua dor. Essa mesma dor causada pelo frio e pela ausência do mais esperado psicotrópico, nunca receitado pelo doutor.

A viagem toda, naquele coletivo-de-sempre-lotado, pensava em todas as outras épocas assim parecidas. Todas as lembranças que insistem em se fazer presente, por mais inconscientes que pareçam estar. Suas lembranças mais egoístas afloram, junto ao clima, ao vento, ao vago vazio de um olhar perdido no tempo – que nunca volta.

Dessa vez é Paranoid Android que embala a cortina colorida maleável ao vento. Espirais dançantes na janela do quarto. Aquele onde outrora Tiersen a fez chorar com tanta empatia.

A dúvida chega. O medo se exalta. A música transpira pelos poros abertos, arrepiados pelo conjunto de ansiedade e frio. A libido se torna mais explícita. Bem no momento em que seus olhos se fecham e um olhar castanho lhe invade a mente.

Será impossível parar o barulho? Ela só está querendo um pouco de sossego.

Nenhum comentário:

Postar um comentário