sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sexta-feira

Acordou com os pés gelados. O sono pesado lhe impediu de puxar a coberta para si no meio da noite. Seu primeiro impulso às oito da manhã foi encolher-se sobre a cama ainda quente. Fechou os olhos lembrando-se do sonho. Das pessoas, das vozes e das risadas que fizeram parte de um pedaço da sua madrugada. Alguns dizem que sonhos são extensões do consciente, outros afirmam que se trata de representações do inconsciente. Talvez, nesse caso, seja um misto de tudo: O vivido, o não vivido e o que – talvez – se estar por viver.

Com os pequenos olhos ainda pregados de murrinha, se espreguiçou como se nada mais tivesse importância naquela manhã de sexta-feira. Olhou cinco minutos para o teto mal rebocado. Pensou no ontem e na pré-discussão pré-estabelecida pela pré-conversa pré-realizada muito bem pós-estabelecida.


Sentou na beira da cama. Cruzou as pernas, esticou-se, engoliu a preguiça e seguiu viagem até o banheiro. Era hora de tirar toda a incerteza do seu corpo, desses anos e da própria vida que já basta ser incerta por si só. Até por que, quem se importa? É sexta-feira, amor.

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