Talvez ela saque exatamente do que esteja precisando. De organização! O foda é saber por onde começar. Em qual prateleira certa guardar [ou esconder] cada pensamento, cada neura que consome e corrói cada espaço imaginativo, ou até certo ponto concreto, existente nessa massa encefálica desgastada pelas atitudes erradas tomadas nos últimos meses.
As vivências. As coisas ditas em momentos que deveriam ser apagados. As coisas não ditas que até hoje permanecem na vontade de serem despejadas, vomitadas. As coisas ainda não ditas, mas que serão [ela sabe] ao tomar copos a mais. Coisas que provavelmente serão tomadas por goles engasgantes de arrependimentos. Talvez pelo fato de que serão ditas pra pessoa errada, ou não-preparada [AINDA. Esperançosamente falando].
Mas se ela sabe que serão ditas na hora errada pra pessoa errada, por que dirá? Porque ela se conhece, apesar de muitas vezes esquecer disso. Eu a conheço. Ela vai falar, ela tem vontade. Ela necessita saber de uma resposta.
Espere, minha cara. Não se precipite. Escute o tal do martelo doído na cabeça. Será que vai conseguir agir contra todas essas vontades e escutar esse nhenhenhenojento, renitente ali? Evitar aquela agonia toda vez que se lembrar da merda feita? Isso já aconteceu antes, gata. Evite!
Acho que não. Ela vai falar e depois se arrepender. Já anda até meio que agindo condizente às palavras existentes naquela massa enrolada em seus pensamentos encefálicos. E sabe o que vai acontecer depois? Vai sentir a vontade de todas às vezes. Aquela da atitude extremista de sempre. A tal de apagar da cabeça. Pegar um puta baque e acordar com amnésia. Ou até mesmo ir ao consultório ilusório do doutor 'Howard Mierzwiak' e começar a sessão apague-toda-essa-neura-peloamordeDeus, conseguir o brilho eterno de uma mente sem lembranças e tomar em paz seu psicotrópico receitado pelo mesmo.
Talvez assim, do zero, consiga organizar nas prateleiras certas desses vinte e um anos. Ou não?